01/08/2023 19h40
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse nesta terça-feira que escolherá o próximo Procurador-Geral da República “no momento certo” e com mais “critério e pente fino”, após perder a confiança no Ministério Público devido às ações tomadas pela força-tarefa do órgão no âmbito da operação Lava Jato.
“Vou escolher (o próximo PGR) no momento certo e na hora certa. Vou conversar com muita gente, vou ouvir muita gente, vou atrás de informações… Tudo isso é um problema meu e quando eu tiver um nome, eu indico”, disse Lula durante live semanal em suas redes sociais.
“Eu sempre tive o maior respeito pelo Ministério Público. Depois dessa quadrilha que o (chefe da força-tarefa, Deltan) Dallagnol montou, eu perdi muito a confiança. Eles fizeram a sociedade refém por muito tempo. Então, obviamente, eu vou escolher com mais critério e pente fino para não cometer um erro”, acrescentou.
Desde o início do mandato, o presidente tem sinalizado que não manterá a prática adotada em seu primeiro mandato de indicar para PGR um nome da lista tríplice elaborada em eleição organizada pela Associação Nacional dos Procuradores da República (ANPR), que representa os membros do Ministério Público Federal (MPF). Em seus dois mandatos, Lula escolheu o mais votado pela categoria.
Em março, Lula disse que escolher um PGR pela lista tríplice “nem sempre resolve o problema” e que não consideraria os nomes mais votados pelos procuradores da República devido à “irresponsabilidade” da força-tarefa da Lava-Jato.
O mandato do atual procurador-geral, Augusto Aras, termina em setembro deste ano. Ele foi indicado ao cargo duas vezes pelo ex-presidente Jair Bolsonaro.
A escolha do próximo PGR têm levantando discordâncias entre membros do governo, com alguns elogiando abertamente a atuação de Aras no cargo, enquanto outros indicam a necessidade de um novo nome desvinculado ao governo anterior.
No mês passado, o líder do governo no Senado, Jaques Wagner (PT-BA), disse reconhecer o trabalho que Aras fez para restituir a “normalidade” após o uso do “ativismo judicial” da Lava Jato para “perseguir” pessoas.
Lula esteve entre os condenados pela Lava Jato, sendo preso por 580 dias entre abril de 2018 e novembro de 2019 pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro. Suas condenações foram anuladas pelo Supremo Tribunal Federal (STF) em 2021. A corte apontou “incompetência” da 13ª Vara da Justiça Federal de Curitiba para julgar os processos envolvendo Lula.
Fonte: UOL