Dois jovens médicos recém-formados morreram no último dia 07 de maio em Campina Grande, as causas da morte estão sendo investigadas, mas segundo as primeiras informações, um dos estudantes teria cometido suicídio, e o segundo teria morrido vítima de overdose.
Infelizmente o caso que chocou a paraíba não se trata de um evento isolado. Estudos comprovam que médicos tem cinco vezes mais chantes de cometer suicídio.
Engana-se quem pensa que a alta carga de estresse termina após a faculdade. Pesquisas apontam que um a cada dois médicos sofre de depressão, sendo que esses profissionais tiram a própria vida cinco vezes mais do que a população em geral.
A preocupação das autoridades com o abuso de substâncias, depressão, alto nível de estresse e suicídios envolvendo estudantes de medicina é alarmante. Segundo a pesquisa realizada pela Doutora em psicologia Fernanda Brenneisen Mayer, 41% dos estudantes de medicina estão com algum grau de depressão, no artigo Fatores associados à depressão e ansiedade em estudantes de medicina: um estudo multicêntrico o ambiente extremamente competitivo. A pesquisa descobriu que as estudantes do sexo feminino são mais afetadas com a alta pressão na Universidades, elas se sentem mais desencorajadas e cansadas na formação médica do que os colegas do sexo masculino.
A pesquisa analisou 1350 estudantes entre agosto de 2011 e agosto de 2012. Os dados podem ser absurdamente maiores, tendo em vista toda ansiedade, preocupação em ambiente pós-pandêmico, uma vez que a pesquisa foi realizada há mais de dez anos. Pelo que se sabe, o ambiente universitário é extremamente hostil, competitivo, os estudantes sofrem de privação do sono devido a necessidade de estudos e revisões das disciplinas, associado a isso, tem o fator emocional onde uma parcelo dos alunos mudam de cidade para estudar, morar sozinho é apontado como um fator importante na receita caótica que o futuro médico tem que enfrentar. O uso de drogas líticas psicoativas para auxiliar nos estudos como a Ritalina é comum entre os alunos.
O fácil acesso a drogas líticas, automedicação associados a alta carga de estresse que a profissão exige com o fato de se lidar com morte e doenças estão entre os fatores que mais preocupam a entidades como o CFM, (Conselho federal de Medicina) e o CFP (Conselho Federal de Psicologia).
No geral, o médico não gosta de pedir ajuda e tem uma tendência a automedicar-se, o que pode atrasar o diagnóstico e o tratamento. A adesão ao tratamento psiquiátrico também é ruim e é preciso que a fragilidade seja reconhecida para que haja eficácia”, ressalta o Conselheiro Federal pelo Piauí, Leonardo Sérvio Luz, que orienta os médicos a pedirem ajuda.
Outro fator importante é que os estudantes de medicina e/ou médicos por medo de perderem o registro profissional, tem mais dificuldade de solicitar ajuda psicológica. A pesquisa trouxe também a informação de que as escolas médicas fornecem um ambiente psicológico tóxico, apenas 25,3% dos entrevistados afirmaram ter acesso adequado a apoio psicológico de umas das 22 instituições de ensino superior analisadas no estudo.
Moram em capitais também aparece como um agravante na saúde mental dos futuros médicos. Os dados mostram que os estudantes de cidades do interior tem menos prevalência de processos depressivos e/ou ansiedade.
“Enfrentamos hoje na saúde uma epidemia de desesperança e tristeza. É incrível o número crescente de colegas que tenho visto em Burnout (enfermeiros também, não apenas médicos). Suicídio é algo que não temos muita notícia oficial, mas tenho percepção de crescimento proporcional.” Avaliou um médico residente que não quis se identificar.
Fonte: O Jornalista Gutemberg Cardoso