Depois de mais 60 anos de isolamento aéreo, Cajazeiras volta a ser inserida a partir do próximo mês de junho, na malha aérea nacional com linhas aéreas comerciais regulares na rota Recife-Cajazeiras com três voos semanais. A princípio essa nova rota ,a ser operada pela empresa Azul Conecta, causou uma profunda estranheza entre os cajazeirenses e os sertanejos que estupefatos perguntavam: por que não João Pessoa? A resposta é simples e reside no novo formato da aviação comercial moderna onde as empresas por questões de logística e redução de custos operacionais centralizam suas operações, concentrando e distribuindo passageiros em único aeroporto em uma determinada região, são os chamados HUBS.
A partir do seu HUB que montou em Recife, a Azul Linhas aéreas se consolidou como líder no mercado domestico de passageiros no país depois de uma agressiva e inteligente estratégia de capilarização de voos a partir de pequenos aeroportos espalhados pelo Brasil. Essa é a simples razão que explica porque os voos para Patos e Cajazeiras se originam em Recife.
Os 8 novos voos da Azul ligando Campina Grande com as principais cidades brasileiras e a retomada da linha aérea para Cajazeiras, anunciada pelo governador João Azevedo demonstra nitidamente que finalmente a Paraíba passa a integrar em larga escala a malha aérea nacional. Diferentemente de outros investimentos de caráter estruturantes, as linhas aéreas só chegam às regiões que possuem potencial de desenvolvimento em fase de consolidação ou com amplas condições de crescimento.
Não caiu do céu essa abrupta decisão da Azul de implantar um mini-hub em Campina Grande e três voos semanais no trecho Recife-Cajazeiras, além da linha já existente Recife-Patos, ela remete a um revolucionário processo de crescimento econômico paraibano que finalmente está mudando o eixo do desenvolvimento para o interior do Estado. Falo do boom das energias renováveis sendo implantados em larga escala na região de Santa Luzia, verdadeiros complexos de usinas fotovoltaicas e parques eólicos e da chegada das águas do Rio São Francisco no Alto Sertão da Paraíba que estão turbinando os investimentos no agronegócio, comercio e serviços. Não tem como dar errado, água, energia limpa em abundância e solos férteis transformaram o Sertão numa terra de oportunidades.
Depois de uma hercúlea luta ,de 25 anos, por parte da Sociedade Civil Organizada e setores dos segmentos produtivos, encabeçada pela CDL local para construir e equipar um novo aeroporto e trazer de volta, linhas aéreas regulares, o que se previa era um voo entre Cajazeiras e João Pessoa, que foi apontado como economicamente viável, segundo um robusto estudo de econometria, o que acabou não acontecendo.
Mesmo descartado numa primeira etapa o voo Cajazeiras-João Pessoa, merece registro o empenho pessoal do governador Azevedo nesse processo vitorioso, entendendo como um grande avanço a volta da rota Cajazeiras-Recife que foi operada nos anos 1960, pela Real Linhas Aéreas, que utilizavam os saudosos e seguros aviões DC3 e que agora a Azul Conecta passa agora utilizar o minúsculo Cessna Grand Caravan com capacidade para 9 passageiros. É Cajazeiras interligada com o Brasil e o mundo, que agora volta a voar nas asas do progresso.