Lionel Messi termina sua participação em Copas do Mundo com 13 gols marcados
CARL RECINE/REUTERS - 18.12.2022A Argentina não precisa mais cantar que é uma ilusão. Virou realidade. Ainda que da forma mais dramática possível, no pênaltis, depois de uma prorrogação de tirar o fôlego. O país que tem Diego Maradona no céu e Lionel Messi no gramado do estádio Lusail, no Catar, conquistou neste domingo (18) La Tercera, com uma vitória nos pênaltis por 4 a 2 (2 a 2 no tempo normal e 3 a 3 na prorrogação) sobre a então atual campeã França e ficou com o tricampeonato da Copa do Mundo.
Nas penalidades, Mbappé, Coman (Martínez defendeu), Tchouameni (para fora), Kolo Muani cobraram para os franceses; do outro lado, Messi, Dybala, Paredes e Montiel bateram com perfeição todas as cobranças para os argentinos.
Messi e Di María, velhos parceiros, haviam feito os gols ainda no primeiro tempo. Kylian Mbappé chegou a empatar a partida em dois gols em dois minutos, mas Messi, de novo, marcou aos 3 minutos do segundo tempo da prorrogação. Mbappé, incansável, em uma disputa particular dos camisas 10, fez o terceiro na prorrogação e levou a decisão para os pênaltis no melhor jogo da história das Copas.
Os hermanos haviam conquistado os títulos na Argentina 1978 e no México 1986, quando Maradona fez um gol antológico, outro de mão e um pouco mais. Vice no Brasil 2014, Messi buscou como ninguém o único título que faltava em sua carreira e só não fez chover no deserto. Aos 35 anos, em sua última Copa, o camisa 10 entrou para a história como um campeão mundial assim como o eterno ídolo albiceleste.
Para a França, apesar da dor do vice-campeonato, vale a celebração de um time que foi campeão mundial há quatro anos (não conseguiu quebrar a marca do bicampeonato do Brasil em 1958-1962) e tem em Mbappé um dos maiores da história. O jovem completará 24 anos na próxima terça e, seguramente, disputará ainda mais e mais Mundiais.
Na música cantada das ruas estreitas do Souq Waqif, tradicional mercado a céu aberto no centro de Doha, às arquibancadas do moderno Lusail, a torcida sul-americana dizia que “agora voltamos a ter ilusão / quero ganhar a terceira [Copa] / quero ser campeão mundial”. A canção veio justamente depois de uma vitória sobre o Brasil, em uma versão continental do Maracanazzo, repetido na Copa América de 2021. Ali, a seleção levantou o seu primeiro título profissional em 28 anos.
Lionel Scaloni armou a sua Scaloneta de forma corajosa mesmo contra uma equipe que pode oferecer perigo de muitas formas. O treinador mudou mais uma vez o time, manteve a linha de defesa, mas sacou o meio-campo Leandro Paredes para a entrada de Di María. A volta do experiente jogador ao time titular tinha mais que apenas uma mística de gols do atacante em finais (marcou gols nas finais de Pequim 2008, Copa América 2021 e Finalíssima 2021).
Foi do lado de Di María, em uma noite 'Di Magia' que saiu a jogada do primeiro gol. O atacante arrancou pela ponta esquerda, recebeu um empurrão e uma rasteira de Dembélé, que já havia ficado para trás. O árbitro polonês Szymon Marciniak não precisou nem do VAR para marcar o pênalti. Messi, agora jogador com mais jogos em Copas do Mundo (um a mais que os 25 de Lothar Matthäus) esperou o goleiro Hugo Lloris escolher o canto para chutar do outro lado. A extrema frieza na cobrança só não foi vista na comemoração, como quem desfrutava daquele grande palco pela última vez.
Todos os gols de Lionel Messi em Copas do Mundo (13)
Alemanha 2006: Argentina 6x0 Sérvia e Montenegro: 1 gol
África do Sul 2010: sem gol
Brasil 2014: Argentina 2x0 Bósnia Herzegovina - 1 gol
Brasil 2014: Argentina 1x0 Irã - 1 gol
Brasil 2014: Argentina 3x2 Nigéria - 2 gols
Rússia 2018: Argentina 2x1 Nigéria - 1 gol
Catar 2022: Argentina 1x2 Arábia Saudita - 1 gol
Catar 2022: Argentina 2x0 México -1 gol
Catar 2022: Argentina 2 x 1 Austrália - 1 gol
Catar 2022: Argentina 2 (4) x (2) 2 Holanda - 1 gol
Catar 2022: Argentina 3 x 0 Croácia - 1 gol
Catar 2022: Argentina 3 (4) x (2) 3 França - 2 gols
Di María aprontou das suas mágicas e só tirou de Lloris para marcar o segundo gol
REUTERS/CARL RECINEAinda teve mais no primeiro tempo. Aos 35 minutos, Messi enganou toda a defesa francesa com um passa simples e magistral ao mesmo tempo, encontrou Mac Alister, que avançou e cruzou para Di María só empurrar para o fundo do gol.
Com a coisa bem perto de degringolar de vez, Didier Deschamps, que também tinha o grupo nas mãos, fez logo duas trocas: saíram Giroud e Dembélé para as entradas de Thuram e Kolo Muani no ataque. Os sul-americanos pareceram nem ligar muito e continuaram a segurar a bola com a entrosada dupla, desde os tempos de seleção de base, Messi-Di Maria.
Mbappé manteve a França de pé até o final da prorrogação no estádio Lusail
PETER CZIBORRA/REUTERS - 18.12.2022Mbappé ficou devendo no primeiro tempo para quem esperava um duelo de camisas 10. Não exatamente por uma marcação especifica, mas por um esquema que não fazia que abola passasse por seus pés. Para piorar, tampouco parecia estar nos seus melhores dias. Os craques de verdade, no entanto, não se abalam e aproveitam as oportunidades que têm em um intervalo de dois minutos.
Aos 34 minutos do segundo tempo, Otamendi fez um pênalti bobo e recolocou a França no jogo. Mbappé, com a frieza que lhe convém, bateu forte para vencer Emiliano Martínez. No contra-ataque seguinte, em um lance que os argentinos reclamaram de falta em Messi, Coman roubou a bola e cruzou para Mbappé em um belo voleio empatar a partida de forma espetacular. Os reservas dos Bleus não tomaram conhecimento e simplesmente invadiram o campo.
Todos os gols de Kylian Mbappé em Copas do Mundo (12)
Rússia 2018: França 1x0 Peru — 1 gol
Rússia 2018: França 4x3 Argentina — 2 gols
Rússia 2018: França 4x2 Croácia — 1 gol
Catar 2022: França 4x1 Austrália — 1 gol
Catar 2022: França 2x1 Dinamarca — 2 gols
Catar 2022: França 3x1 Polônia — 2 gols
Catar 2022: França 3 (2) x (4) 3 Argentina — 3 gols
Além de assustada, e até menos fortalecida tecnicamente, sentiu o cansaço na prorrogação. Nem por isso deixou de atacar. Para variar, Lautaro Martínez perdeu dois gols — em um deles, o zagueiro Upamecano ainda que teve muitos méritos.
Quando Lautaro estava pronto para desperdiçar a sua terceira oportunidade, em ótima defesa de Lloris, a bola voltou no pé do camisa 10 argentino que marcou o seu segundo gol na partida, o 13º em Copas.
Mas ainda tinha mais emoção, aos 12 minutos da etapa final, Montiel se jogou na bola e o árbitro marcou pênalti. Mbappé foi outra vez para a bola e deixou, de novo, tudo igual. O destino era mesmo os pênaltis e os dois melhores jogadores iniciaram as suas cobranças e saíram vitoriosos. Coman e Tchouameni desperdiçaram.
Partida no estádio Lusail valia o tricampeonato para qualquer uma das seleções
HANNAH MCKAY/REUTERS - 18.12.2022A primeira Copa do Mundo se despede do Oriente Médio, local em que desembarcou pela primeira vez, depois de 29 dias, 64 partidas, mais calor nas ruas do que propriamente nas arquibancadas ainda que fosse disputada no inverno. As histórias contadas consagraram grandes jogadores como Messi, repetiram o contexto de eliminação para europeus em quartas de final na seleção brasileira, celebraram a Croácia na terceira colocação e agora a tricampeã mundial Argentina.
A 23ª edição da competição será em uma sede tripla com Canadá, Estados Unidos e México, em 2026, já com 48 seleções em seu formato.
Campeões da Copa do Mundo
2022: Argentina
2018: França
2014: Alemanha
2010: Espanha
2006: Itália
2002: Brasil
1998: França
1994: Brasil
1990: Alemanha
1986: Argentina
1982: Itália
1978: Argentina
1974: Alemanha
1970: Brasil
1966: Inglaterra
1962: Brasil
1958: Brasil
1954: Alemanha
1950: Uruguai
1938: Itália
1934: Itália
1930: Uruguai
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