Apresentadora do Estúdio I, na Globonews, comentarista de política da CBN e escrevo sobre os bastidores da política no g1
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Tebet e Lula durante encontro em São Paulo em 7 de outubro, em meio à campanha de segundo turno das eleições. — Foto: Andre Penner/AP
Trunfo de Lula (PT) no segundo turno, Simone Tebet (MDB-MS) ainda não tem confirmação sobre seu futuro político no novo governo.
Hoje, ninguém sabe dizer a Tebet se ela ocupará alguma pasta – e, se sim, qual seria.
Tebet tentou ao longo da campanha deixar claro que não iria ocupar ministérios. Mas, atendendo a um pedido da chapa Lula-Alckmin, deixou de lado a ênfase sobre o tema pois foi avisada de que, se eleitos, os dois precisariam dela no governo.
Desde o início da transição, Tebet já foi cotada para diversos cargos. Se pudesse escolher, ficaria com Educação, mas sempre soube que seria difícil diante apetite do PT.
Também sabe que no MDB ninguém morre de amores por ela, e, na partilha de cargos, o partido a trata como da cota pessoal de Lula.
Pois bem. Até agora, nada de conversa tête-à-tête entre Tebet e Lula.
O PT está às turras pelo Ministério da Educação e resiste a entregar o do Desenvolvimento Social – que cuida do Bolsa Família, principal marca dos governos Lula.
Mas, aliados de Lula estão trabalhando para que Tebet ocupe essa segunda vaga, pois sabem o tamanho do desgaste de deixar Tebet de fora do governo – ou dentro, mas numa pasta sem relevância, escanteada pelo PT.
O Ministério do Meio Ambiente também é citado nas discussões. Tebet, porém, ficou de Marina Silva (Rede-SP) durante campanha e seria um desgaste aceitar uma vaga que a ex-ministra e deputada federal eleita gostaria de ocupar novamente.
Nas palavras de interlocutores de Tebet, sem acesso a Lula, ela encontra-se “embretada”, expressão de Mato Grosso do Sul para expressar a situação em que alguém se vê numa posição encurralada, cercada.
Exclusão de Tebet seria primeira grande crise da frente ampla
Nesta semana, Tebet recebeu uma mensagem de Janja, a futura primeira-dama, e as duas conversaram após surgirem boatos de que a senadora não foi à diplomação de Lula, na segunda, por conta de algum problema com o presidente eleito.
Janja e Tebet não só se gostam como trocam, o tempo todo, mensagens de apoio contra machismo na política.
Para os setores mais pragmáticos do novo governo, a eventual exclusão de Tebet pode ser a primeira grande crise da frente ampla, como foi apelidada a aliança montada para a eleição de Lula e Alckmin.
Na visão de um interlocutor do petista, a mensagem será a de que a frente ampla só serve para eleger, para o “esquenta” da festa, mas não tem acesso a camarote e pulseirinha vip quando o candidato se elege.
“Só entra pulseirinha vermelha”, ironiza um aliado de Lula, irritado com o apetite do PT.