Até 160 cidades em 23 estados aplicaram vacinas vencidas contra a Covid-19 na população, segundo dados oficiais do Ministério da Saúde. Na Paraíba, seis cidades fizeram a aplicação das doses. Até 160 cidades em 23 estados aplicaram vacinas vencidas contra a Covid-19 na população, segundo dados oficiais do Ministério da Saúde.
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As cidades paraibanas que receberam e aplicaram doses vencidas do imunizante, segundo os dados divulgados pelo Ministério da Saúde / Portal Metrópoles, foram: Alagoa Grande (69 doses); Brejo dos Santos (1 dose); Campina Grande (4); Esperança-(15); Itapororoca (4); e Queimadas (1).
Para chegar a informação, o (M)Dados, núcleo de jornalismo de dados do Portal Metrópoles, cruzou as informações oficiais sobre vacinas aplicadas com os registros de envios de imunizantes para as unidades da federação, onde constam a data de vencimento para cada lote.
Ainda de acordo com os dados levantados, o problema envolve as doses de três lotes de vacinas produzidas pela AstraZeneca em parceria com a Universidade de Oxford fabricadas na Índia e importadas pelo Brasil, os lotes 4120Z001, 4120Z004 e 4120Z005. São grupos de imunizantes cuja data de validade, de seis meses, já expirou.
Veja as cidades que aplicaram as vacinas vencidas na Paraíba:
Cidade / Quantidade
ALAGOA GRANDE-PB – 69
BREJO DOS SANTOS-PB – 1
CAMPINA GRANDE-PB – 4
ESPERANÇA-PB – 15
ITAPOROROCA-PB – 4
QUEIMADAS-PB – 1
Demora na liberação
A vinda dos primeiros lotes da vacina produzidos pelo instituto Serum, da Índia, sofreu com indefinições e idas e vindas. Ainda em 31 de dezembro do ano passado, a Fiocruz pediu e conseguiu autorização da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para importar 2 milhões de doses.
Duas semanas depois, no dia 14 de janeiro, o então ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, prometeu que um avião partiria do Brasil no mesmo dia para buscar as doses. A aeronave da empresa Azul foi adesivada pela equipe de marketing do governo, mas o voo acabou cancelado, e a Índia só liberou as vacinas na semana seguinte. Elas chegaram em 22 de janeiro, e começaram a ser distribuídas aos estados no dia seguinte.
A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), responsável pela produção da Covishield no Brasil, apontou que os três lotes envolvidos vieram justamente nesse voo. Elas foram produzidos em outubro do ano passado no país asiático.
A validade
Segundo a bula da vacina no site da Anvisa, a validade do imunizante é de seis meses a partir da data de fabricação, e o produto não deve ser usado após o prazo previsto. “Não use medicamento com o prazo de validade vencido. Guarde-o em sua embalagem original”, diz o documento oficial.
De acordo com o registro no Ministério da Saúde, o lote 4120z001 foi autorizado para ser distribuído em 24 de fevereiro e vencia em 29 de março. A maior parte dos casos de aplicação de vacinas vencidas mapeados pela reportagem se refere a esse lote. Foram 869 casos identificados em cinco estados. Já os lotes 4120Z004 – com 108 casos em cinco estados – e 4120Z005 – 277 casos em 17 Unidades da Federação – foram autorizados em 22 de janeiro e venceram em 13 e 14 de abril, respectivamente.
Os dados oficiais registram a aplicação de vacinas até 21 dias após o vencimento.
O que pode acontecer
De acordo com a epidemiologista Carla Domingues, que foi ouvido pelo Metrópoles, o problema da aplicação de vacinas vencidas é a possível perda de eficácia do princípio ativo. “Em princípio, um dia, dois dias, uma semana, não vai fazer diferença. Mas isso é teoricamente, e essa aplicação, se houve, não deixa de ser erro de procedimento, que não deve se repetir”, afirma ela.
Domingues afirmou ainda que, como no caso em que grávidas e crianças foram vacinados por engano contra a Covid-19, o indicado é que as autoridades acompanhem a saúde das pessoas durante algum tempo. “Por segurança. Em princípio, não há riscos à saúde, mas a chance de alguma perda de eficácia.”
Questionado sobre possíveis consequências de vacinas vencidas, a Fiocruz respondeu que podem ocorrer “eventos adversos, incluindo a inefetividade terapêutica”.
A Secretaria de Saúde do Maranhão apontou que, “nos estudos já realizados, os riscos da administração da vacina com prazo de validade vencido são a ocorrência de eventos considerados leves como dor e edema no local da aplicação, além da redução na eficácia da vacina”.
Fonte: Metrópoles
Créditos: Polêmica Paraíba